Uma bailarina busca vingança caçando os assassinos de sua família. A final de contas, Bailarina vale o hype?
Confira a sinopse e o trailer do filme:
Uma assassina treinada nas tradições da organização Ruska Roma sai em busca de vingança após a morte do pai.
Gabriel (Onixx Primes): ⭐⭐⭐✰✰
Momento mais curioso e talvez o mais bobo de Ballerina, o derivado de ação do universo John Wick, surge quando Eve Macarro (Ana de Armas) escuta uma cena de Parabellum. Apesar de parecer, à primeira vista, um fan service preguiçoso, a breve aparição de Keanu Reeves como Baba Yaga até se encaixa bem na narrativa. Há até um certo charme na referência, evocando a sensação de De Volta para o Futuro II, quando Marty McFly observa acontecimentos do primeiro filme sob outra perspectiva.
O problema, no entanto, não está na nostalgia. Ele aparece quando Eve e o público ouve a Diretora (Anjelica Huston) repetir a icônica pergunta sobre John Wick: “Tudo isso por um cachorrinho?” Nesse momento, fica evidente o contraste desconfortável: a motivação de John, por mais simples que pareça, carrega um peso emocional singular. Já a jornada de Eve, diante disso, soa genérica quase descartável.
Para ela, no entanto, tudo é muito sério. Quando criança, seu pai tenta resgatá-la de uma organização secreta, ligada à falecida mãe ele é morto no processo. Sozinha, Eve é levada por Winston (Ian McShane) à escola da Diretora, onde aprende a dançar, lutar e matar. Curiosamente, dentro daquelas paredes, a dança parece ser a atividade mais brutal.
As intenções por trás desse treinamento, no entanto, permanecem nebulosas. O balé da companhia limita-se aos clássicos populares basicamente O Lago dos Cisnes e suas atividades paralelas são descritas apenas como “trabalhos de proteção”. Mas quem os contrata? Por que a fachada do balé é necessária? Existe algum código de conduta? Eles são sindicalizados? Nenhuma dessas perguntas é respondida. Quando um mentor sugere a Eve que ela “lute como uma garota”, o filme parece hesitar em explorar o que isso realmente significa. A resposta, talvez, esteja num meio-termo entre acrobacias à la Jackie Chan e mortes estilizadas de filmes slasher.
Eve, por sua vez, revela mais desespero do que precisão letal, o que contrasta com a frieza coreografada de Wick. Ainda assim, quando o próprio John aparece novamente num momento em que o filme já se reergueu, sua presença é mais um bônus do que uma muleta narrativa. No fundo, Ballerina não está muito interessado em discutir gênero ou redefinir o arquétipo da vingadora. A tal fala sobre “lutar como uma garota” acaba servindo apenas de gancho para uma das duas (!!) músicas do Evanescence nos créditos finais.
Aliás, a trilha sonora não é o único eco de Elektra no filme. Como tantos outros longas de ação centrados em mulheres, Ballerina insiste que a vulnerabilidade feminina precisa ser simbolizada por uma criança em perigo. Durante sua missão para encontrar o Chanceler (Gabriel Byrne), assassino de seu pai, Eve encontra uma jovem vítima, dando um verniz emocional à sua vingança. Só que esse esforço soa forçado e pouco envolvente, especialmente se comparado à carga emocional genuína provocada pela morte do cachorro de John Wick um detalhe simples, mas poderoso, que fundamentou toda a franquia original.
Ainda assim, Ballerina acerta em aspectos fundamentais. Não chega ao nível de Atômica, mas está acima das genéricas produções de ação feitas direto para o streaming. Após refilmagens recentes para intensificar as cenas de ação, o resultado é um espetáculo visual satisfatório. Seja mérito de Len Wiseman ou do supervisor da série Wick, Chad Stahelski, o filme entrega tiroteios, lança-chamas e lutas com utensílios de cozinha em cenários adornados por neve, explosões e luzes de neon. Pode haver fórmulas repetidas, mas são executadas com precisão e estilo, algo raro em blockbusters com iluminação turva e estética desbotada.
O longa também tem seus momentos de humor, especialmente ao evocar clássicos da franquia, como a visita ao armeiro personalizado. Os diretores mostram consciência das expectativas do público e brincam com a estrutura previsível da narrativa, invertendo o timing de certas cenas. Uma sequência engenhosa mostra Eve após uma batalha em uma boate, recolhendo facas de corpos pelo caminho simples, mas satisfatório.
Porém, o salto temporal que nos leva até esse momento é confuso. O início do filme parece contornar certas questões, talvez modificadas nas refilmagens: afinal, o que exatamente diferencia o Chanceler e seus capangas dos demais criminosos do submundo? E qual é o verdadeiro objetivo da escola da Diretora? Pode ser que a intenção fosse distanciar-se da Sala Vermelha da Marvel, mas o resultado é uma motivação diluída que pouco ajuda Ana de Armas, atriz expressiva que aqui carece tanto da intensidade melancólica de Reeves quanto da leveza encantadora que mostrou em 007 – Sem Tempo Para Morrer.
Ainda assim, será que não basta ser uma estrela carismática empunhando armas improvisadas com destreza? Ballerina talvez não tenha a loucura destilada de um John Wick, mas, por boa parte do tempo, assistir a Ana de Armas manejando uma faca-pistola chega perto de capturar a essência do cinema de ação pura estética em movimento.
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