Frankenstein (2025) é o tipo de obra que só poderia nascer das mãos de Guillermo del Toro. O diretor mexicano, conhecido por transformar monstros em metáforas da alma humana, assina aqui um épico gótico que une horror, compaixão e poesia trágica. Além disso, o longa vai muito além de ser apenas mais uma adaptação do clássico de Mary Shelley: ele é uma meditação sombria sobre o peso da criação e o fardo de rejeitar aquilo que se cria.
Um conto sobre culpa e redenção
Ambientado em 1857, o filme abre com uma sequência gelada no Ártico, onde o capitão Anderson (Lars Mikkelsen) e sua tripulação resgatam um homem à beira da morte. Esse homem é Victor Frankenstein (Oscar Isaac), um cientista consumido pela culpa de ter desafiado a natureza. Pouco depois, surge sua criação (Jacob Elordi), um ser de força sobre-humana e olhar trágico, e o confronto entre criador e criatura se torna o coração da narrativa.

Del Toro divide o filme em dois grandes blocos: primeiro, o relato de Victor e sua obsessão por vencer a morte; depois, o ponto de vista da criatura, que descobre sua própria consciência e busca um sentido para existir. Assim, a estrutura quase confessional transforma o terror em tragédia moral, convidando o público a sentir empatia por ambos os lados da criação.
Oscar Isaac e Jacob Elordi em atuações memoráveis
Oscar Isaac entrega uma performance intensa, marcada por gestos contidos e olhos febris. Seu Victor é arrogante, mas profundamente ferido — um homem incapaz de aceitar a imperfeição do mundo. Enquanto isso, Jacob Elordi vive a criatura com uma mistura hipnótica de inocência e dor. Em certos momentos, apenas o toque da neve em suas mãos revela mais humanidade do que qualquer diálogo.
O vínculo entre ambos é o motor emocional da história. O cientista tenta ensinar o nome à criatura, mas, diante do fracasso, transforma o amor em desprezo. Por conseguinte, o momento em que Victor decide incendiar o laboratório é de partir o coração — um ato de negação que se torna o símbolo máximo da monstruosidade humana.
Um espetáculo visual gótico e visceral Frankenstein (2025)
Visualmente, Frankenstein é um banquete. Del Toro aposta em efeitos práticos e uma fotografia carregada de contrastes. Além disso, o laboratório de Victor é uma catedral profana, iluminada por relâmpagos e sombras pulsantes, enquanto as cenas da errância da criatura na natureza trazem um lirismo gelado e quase espiritual. Com isso, o diretor encontra equilíbrio entre o grotesco e o sublime.

A trilha sonora de Alexandre Desplat reforça o tom de tragédia sagrada. Cordas e coros ecoam como preces de culpa, conduzindo a história até seu clímax no gelo, onde criador e criação finalmente se enfrentam em meio ao silêncio do mundo. Portanto, cada nota parece carregar o peso da dor e da redenção.
Temas e simbolismo: entre Deus e o abandono Frankenstein (2025)
Del Toro não enxerga a história como uma simples fábula de terror, mas como uma reflexão sobre a própria humanidade. Victor é o anjo caído que quis brincar de Deus; sua criatura, o Adão rejeitado. Desse modo, a metáfora religiosa atravessa toda a narrativa, dos planos em contraluz às posturas cruciformes, criando uma sensação constante de pecado e perdão.

Quando o monstro pergunta por que foi criado se não seria amado, o eco é quase bíblico. Contudo, ao final, o perdão entre pai e filho — criador e criação — se torna o verdadeiro milagre. Não há redenção total, mas há entendimento. Assim, o monstro se despede olhando para o sol, finalmente aceitando que a vida pode existir mesmo sem amor.
Conclusão – O ápice da arte de Del Toro
Frankenstein (2025) é mais do que uma adaptação: é a soma de tudo o que Guillermo del Toro construiu ao longo da carreira. Por isso, o longa é um filme sobre o poder destrutivo e redentor do amor, sobre a beleza do que é imperfeito e sobre o medo que temos de nós mesmos. Com atuações poderosas, direção inspirada e uma mise-en-scène que parece esculpida à mão, o longa se firma como um dos trabalhos mais pessoais e devastadores do diretor.
Enfim, o monstro não morre — ele sobrevive porque o amor, mesmo tardio, é uma forma de imortalidade.
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Assistir o filme, é perfeito os detalhes, os diálogos e a história, super recomendado.
sim, diferente de todos os outros filmes ja produzido